quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Em 13 anos, a participação brasileira nas exportações agrícolas mundiais dobrou: saltou de 2,8% do total para 5,5%.

Potência agrícola

Em 13 anos, a participação brasileira nas exportações agrícolas mundiais saltou de 2,8% do total para 5,5%.

Segundo estudo da Emst & Young e FGV, o Brasil é o país que reúne as melhores condições para manter essas elevadas taxas de crescimento.

(Valor Econômico) págs. 1 e B12)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FAB diz que empresas poderão melhorar propostas de caças


da Folha Online

A FAB (Força Aérea Brasileira) disse nesta sexta-feira que as empresas que estão na disputa para oferecer os 36 aviões de caça ao Brasil poderão melhorar suas propostas. Apesar da preferência do governo brasileiro pela francesa Dassault, ainda estão na disputa a norte-americana Boeing e a sueca Saab.

Em nota divulgada hoje, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse que a FAB fará a "análise técnica" do processo de compra e que o governo vai analisar a parte "política e estratégica".

Leia íntegra do bate-papo com Eliane Cantanhêde sobre caças
Amorim admite preferência de Lula por aviões de caça franceses
França reconhece que venda de caças não está fechada
Estados Unidos acenam à Embraer em lobby pró-Boeing
Lula ironiza disputae diz que país receberá caças "de graça"

Saito adotou o mesmo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a compra dos caças. Hoje, em entrevista em Ipojuca (PE), Lula deixou claro que a decisão sobre a aquisição dos aviões é política e estratégica e será tomada pelo presidente da República.

"A FAB tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação [dos aviões]. E ela vai fazer e eu preciso que ela faça. Agora, a decisão é política e estratégica, e essa é do presidente da República e de ninguém mais", disse Lula.

Na nota, a FAB justifica a abertura do processo para que as outras empresas modifiquem suas propostas. "O governo francês já assumiu o compromisso de fazer esforços para ofertar caças Rafale (Dassault) a preços competitivos, razoáveis e comparáveis aos pagos pelas Forças Armadas da França, além de transferência de tecnologia, entre outros pontos. Nesta semana, os outros dois concorrentes também divulgaram o interesse de aprofundar as ofertas", diz.

Segundo o presidente da Comissão Gerencial do Projeto F-X2, os participantes estão sendo avaliados em cinco áreas prioritárias: transferência de tecnologia, domínio do sistema de armas [pelo Brasil], acordos de compensação e participação da indústria nacional, técnico-operacional e comercial.

A FAB informou na nota que, até o momento, o processo de seleção reúne mais de 26 mil páginas de documentos, entre ofertas e contra-ofertas, que servirão como base para elaboração e gerenciamento do contrato a ser firmado. A previsão do Comando da Aeronáutica é concluir a etapa técnica do processo até outubro.

Na segunda-feira (7), durante as comemorações do Dia da Independência, Lula e o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciaram em comunicado conjunto "a decisão" de entrar em negociação com a empresa francesa Dassault para a compra dos aviões.

O anúncio criou um mal-estar no governo brasileiro, uma vez que o processo para a escolha da empresa fornecedora das aeronaves ainda está em curso. Além do Rafale, da francesa Dassault, estão na disputa o F-18, da norte-americana Boeing, e o Gripen, da sueca Saab.

domingo, 6 de setembro de 2009

Acordo Brasil-França marca expectativa de ser "potência", diz estudioso

O acordo que será assinado amanhã com a França é o mais importante na área militar desde o fim da Guerra Fria e o primeiro entre governos desde o negociado com a Alemanha, há 34 anos, lembra João Roberto Martins Filho, especialista em história e estratégia militares que coordena o Arquivo de Política Militar Ana Lagôa, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

"O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas", diz Martins Filho, que é vice-presidente do Comitê de Pesquisa sobre Forças Armadas e Sociedade da Associação Internacional de Ciência Política.

Autor de três livros sobre a ditadura militar, ele prepara o lançamento de "A Marinha Brasileira na Era dos Encouraçados".


FOLHA - Historicamente, qual a importância do acordo com a França?
JOÃO ROBERTO MARTINS FILHO - Só há dois precedentes, o acordo nuclear com a Alemanha, em 1975, e o acordo com os Estados Unidos, de 1952 [e que foi denunciado no governo do general Ernesto Geisel, quando já estava inoperante]. É o primeiro acordo militar entre o governo brasileiro e outro governo no período pós-Guerra Fria.

FOLHA - No que ele difere do acordo com os EUA dos anos 50?
MARTINS FILHO - O nível de capacidade tecnológica que o Brasil tinha na época levou o país a aceitar receber material militar já obsoleto. No final dos anos 50, foram entregues navios fabricados na Segunda Guerra. O acordo marca a retomada da expectativa do Brasil de ser uma potência mundial nas próximas décadas, o que implica conseguir certa autonomia tecnológica. Isso está sintetizado na possibilidade de construção do submarino nuclear.

FOLHA - Há implicações para as relações com os EUA, na área militar?
MARTINS FILHO - Esse acordo é resultado tanto de um interesse da França em ter esse tipo de relação privilegiada com o Brasil, quanto do interesse do Brasil de afirmar uma política sem hegemonia americana. Ele vai contrariar não só interesses estratégicos americanos como interesses das indústrias naval e aeronáutica americanas.

FOLHA - O acordo corresponde a intenções políticas do atual governo, ou seus fins são compartilhados pelos militares?
MARTINS FILHO - Vejo uma convergência das visões das Forças e do Ministério da Defesa.

FOLHA - Segundo seus estudos, a Marinha foi a primeira Força a expressar intenção de maior independência em relação aos EUA. Como?
MARTINS FILHO - Antes do final da Guerra Fria, nos anos 70, dois almirantes publicaram um texto, confidencial, em que diziam que o Brasil deveria procurar se afastar das amarras da visão hegemônica americana. Nessa visão, que previa uma guerra entre as superpotências da época [EUA e União Soviética], sobrava muito pouco papel para o Brasil, que queria começar a pensar em termos de ameaças regionais.

FOLHA - Do ponto de vista da França, o interesse é realmente estratégico e comercial?
MARTINS FILHO - A França tem interesse estratégico político e industrial. Há um conjunto de benefícios que ela poderia tirar de uma aliança com o Brasil, que tem economia considerável, para conseguir a boa vontade do país em outras áreas. Mas o acordo também lhe causa problemas na União Europeia. Provocou tensões com a Alemanha, que forneceu ao Brasil os submarinos da classe Tikuna e está por trás dos questionamentos feitos agora.

FOLHA - Por que o senhor diz que seria impossível um acordo igual com os EUA?
MARTINS FILHO - Nos EUA existem restrições maiores à transferência tecnológica e não haveria a possibilidade de um acordo em nível de governos.

FOLHA - Por quê?
MARTINS FILHO - Porque os EUA não têm interesse em fazer um acordo que destaque o Brasil na América do Sul, onde vêm privilegiando a Colômbia, e porque o foco de sua política está no Iraque e no Afeganistão. O acordo com a França é tão significativo que [o presidente colombiano Álvaro] Uribe cobrou [explicações de Lula, para se contrapor às críticas ao acordo que permitirá aos EUA o uso de sete bases na Colômbia]. A diferença é que os franceses não disporão de bases aqui.