quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Desenvolvimento do Brasil como potência desperta 'agressividade' em vizinhos, diz revista

UOL

O desenvolvimento do Brasil como potência econômica mundial despertou animosidades em países vizinhos, diz um artigo da revista americana Newsweek desta semana.

"Na medida em que o Brasil se torna um país mais poderoso, seus vizinhos se tornam mais agressivos", diz a revista.

"Estes dias, os imperialistas falam português", diz o artigo, afirmando que agora o país "marca o passo econômico da América Latina e está se tornando cada vez mais o alvo nº 1" - posição que a Newsweek diz ter sido ocupada no passado pelos Estados Unidos.

"O rugido anti-brasileiro mais alto vem dos Andes, onde líderes populistas que marcham ao som dos tambores da 'revolução bolivariana' do homem forte venezuelano Hugo Chávez, tentam reconstruir suas nações através da redistribuição de riquezas e do aumento do poder dos grupos e minorias indígenas há muito negligenciados."

A revista diz que "nos últimos dois anos, os líderes de Venezuela, Equador e Bolívia lançaram insultos contra seu vizinho dominante, e ultimamente o clima tem se exaltado". Como exemplo, Newsweek cita o episódio da expulsão da construtora Odebrecht pelo governo do Equador.

E a reação anti-Brasil está chegando ao sul do continente, segundo o artigo. "No Paraguai, o presidente Fernando Lugo tomou posse em agosto sob a bandeira de 'independência energética' - código populista para extrair concessões do império' do outro lado da fronteira."

"Ele (Lugo) está acusando o Brasil de pagar menos pela energia que importa da usina hidrelétrica de Itaipu, e quer liberdade para vender metade do total para qualquer país que desejar."

"Popular"
Apesar do antagonismo, o artigo diz que "ironicamente, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva continua popular na América Latina". O presidente boliviano Evo Morales "se referia reverenciosamente a Lula como seu 'irmão maior'", "Chávez raramente perde uma oportunidade de foto com Lula" e "a primeira viagem internacional de Lugo como presidente foi para Brasília".

"Fazer dos brasileiros os novos gringos pode cair bem para a arquibancada, mas é arriscado política e economicamente", segundo Newsweek.

"Até agora, o Brasil vinha sendo o maior investidor estrangeiro da Bolívia, enquanto o Paraguai se tornou o quinto maior exportador de soja graças à tecnologia brasileira", diz a revista.

A reação do Brasil tem sido "quase de penitência ante seus vizinhos pequenos, que cada vez mais representam os habitantes de Lilliput para o Gulliver do Brasil", diz o artigo, em uma referência aos seres minúsculos que o personagem Gulliver encontra na ilha de Lilliput no romance As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift.

"Embora o governo de Lula tenha sido rápido em enfrentar os países ricos - fazendo queixas formais contra os Estados Unidos e os europeus na Organização Mundial do Comércio sobre barreiras comerciais a etanol, algodão e açúcar - ofender os irmãos no hemisfério rende pouco mais do que uma repreensão", afirma Newsweek.

Mas "a tolerância brasileira pode estar acabando", conclui o artigo, que cita que o Brasil realizou "exercícios militares na fronteira com o Paraguai no mês passado - mensagem difícil de não se ver".

"Não espere uma versão tropical da guerra preventiva. Mas pode ser um sinal de que o Gulliver Latino não está mais querendo enfrentar as coisas deitado", disse o artigo da revista Newsweek.
UOL

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Primeira Guerra nasce durante a era das ideologias; ouça professor

da Folha Online

Interesses divergentes entre nações burguesas, que estavam entrando em um grande período de industrialização e buscavam consumidores de seus produtos e de matérias-primas respectivas, foram uma das causas que originou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

As informações são do historiador Mário Sérgio de Moraes, professor doutor pela USP (Universidade de São Paulo), que integra o núcleo do LEI (Laboratório de Estudos sobre a Intolerância) da USP, e leciona na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) e na UMC (Universidade de Mogi das Cruzes).

"Criou-se uma rivalidade muito grande gerando o nacionalismo exacerbado entre as nações. De um lado, a nação líder que era a Inglaterra, e de outro lado uma nação concorrencial liderada pela Alemanha. Isto possibilitou que inúmeras outras nações entrassem nesse conflito", diz.

Segundo o professor, os quatro anos de conflitos foi um período longo para a época. "Foi uma guerra extremamente cruel porque ela foi lenta no seu movimento e também pela primeira vez nós tivemos o uso de grandes máquinas, como submarinos, metralhadoras, aviões, gases", explica.

A guerra gerou dois principais efeitos. Em 1917, nasce uma nova potência conhecida como União Soviética. Depois, presencia-se o surgimento de outra grande potência, os Estados Unidos, que até então não tinha a sua liderança afirmada, declara Moraes.

De acordo com o professor, a guerra teve duas características marcantes, principalmente pelo fato do uso do nacionalismo como vestimenta para esta concorrência entre as nações e o nascimento da ideologia socialista.

"Alguém já disse, principalmente o historiador Eric Hobsbawm, que a Primeira Guerra veio a nascer a era das ideologias, ou seja, o século 20 nasce na cidade de Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegóvina, e termina mais tarde na mesma cidade", conclui o professor.